essa é amanda, aqui começamos nossas primeiras imagens sobre tradução




In my language.

The previous part of this video was in my native language, many people have assumed that when I talk about this being my language that means that each part of the video must have a particular symbolic message within it designed for the human mind to interpret, but my language is not about designing words or even visual symbols for people to interpret. It’s about being in a constant conversation with every aspect of my environment, reacting physically to all parts of my surroundings. In this part of the video the water doesn’t symbolize anything. I am just interacting with the water as the water interacts with me. Far from being purposeless, the way that I move is an ongoing response to what is around me. Ironically, the way that I move when responding to everything around me is described as “being a world of my own”. Whereas if I Interact with a much more limited set of responses and only react to much more limited part of my surroundings, people claim that I am “opening up to true interaction with the world”.  They judge my existence, awareness and personhood on which of a tiny and limits part of the world I appear to be reacting to. The way I naturally think and respond to things looks and feels so different from standard concepts or even visualization that some people do not consider it thought at all, but it is a way of thinking in its own right. However the thinking of people like me is only taken seriously if we learn your language, no matter how we previously thought or interacted. As you heard I can sing along with what is around me. It is only when I type something in your language that you refer to me as having communication. I smell things. I listen to things. I feel things. I taste things. I look at things. It is not enough to look and listen and taste and smell and feel. I have to do those to the right things, such as look at books and fail to do them to the wrong things, or else people doubt that I am a thinking being and since their definition of thought defines their of personhood so ridiculously much they doubt that I am a real person as well. I would like honestly know how many people, if you met me on street, would believe I wrote this. I find it very interesting by the way that I failure to learn your language is seen as a deficit but they failure to learn my language is seen as so natural that people like me are officially described as a mysterious and puzzling rather than anyone admitting that it is themselves who are confused not autistic people or other cognitively disabled people who are inherently confusing. We are even viewed as non-communicative if we don’t speak the standard language, but other people are not considered non communicative if they are so oblivious to our own languages as to believe they don’t exist. In the end I want you to know that this has not been intended as a voyeuristic freak show where you get to look at the bizarre workings of the autisc mind. It is meant as a strong statement on the existence and value of many different kinds of thinking interaction in a world where how close you can appear to specific one of them, determines whether you are seen as a real person or an adult an intelligent person. And in the world in which those determine whether you have any rights they are people being tortured, people dying because they are considered non-persons, because their kind of thought is so unusual as not be considered thought at all. Only when the many shapes of personhood are recognized will justice and human right be possible.

Dedicated to all other people who are considered non-persons or non-thinking.

Dedicated to all other people who wrongly view actions as purposeless

 

Na minha língua.

A primeira parte desse vídeo está na minha língua nativa, muitas pessoas acreditam/presumem que, quando eu falo sobre esta ser a minha língua isso significaria que cada parte do vídeo deveria ter uma mensagem simbólica particular, desenvolvida para a mente humana interpretar. Mas minha língua não é baseada em desenvolver palavras ou até mesmo criar símbolos visuais para as pessoas interpretarem. Trata-se de estar em constante diálogo com cada aspecto do meu ambiente, reagindo fisicamente com tudo que está ao meu redor. Nesta parte do vídeo a água não simboliza nada. Eu estou apenas interagindo com a água, assim como a água interage comigo. Longe de ser um despropósito, o modo como eu me movo é uma resposta contínua às coisas que estão ao meu redor.  Ironicamente, o modo como eu me movo respondendo as coisas que estão ao meu redor é descrito como sendo o “meu mundo particular”. No entanto, se eu interajo com um campo de respostas muito mais limitadas e somente reajo a uma ainda mais limitada parte do meu entorno, as pessoas afirmam que eu “estou me abrindo para a verdadeira interação com o mundo”. Eles julgam minha existência, consciência e personalidade baseada numa pequena e limitada parte do mundo no qual eu pareço estar reagindo. O modo como eu naturalmente penso e respondo às coisas parecem tão diferentes dos padrões pré-concebidos que algumas pessoas não consideram isso como pensamento, mas é um direito pensar desta forma. Entretanto o pensamento das pessoas como eu é somente levado à sério se nós aprendemos a sua linguagem, não importa o modo como nós já pensamos ou interagimos. Como vocês já sabem eu posso cantar com as coisas que estão ao meu redor. Mas é somente quando eu escrevo alguma coisa na sua língua  que aí vocês se referem a mim como exercendo uma comunicação. Eu cheiro as coisas. Eu escuto as coisas. Eu lambo as coisas. Eu sinto as coisas. Eu olho as coisas.  Não é suficiente olhar, escutar,  lamber, cheirar e sentir. Eu tenho que usar isso tudo para fazer as ‘coisas certas’, assim, como ler livros e falhar ao usá-las para as coisas erradas, senão qualquer um poderá duvidar que eu sou um ser pensante/racional. E desde que a definição deles de pensamento/razão define a personalidade deles, tão ridiculamente, que eles duvidam que eu seja uma pessoa real, de verdade. Eu gostaria de saber, honestamente, quantas pessoas, se vocês tivessem me conhecido na rua, poderiam acreditar que eu escrevi isso aqui. Parece interessante que, se a minha falha ao aprender a língua deles, é visto como um déficit, mas eles falharem ao aprender a minha linguagem é visto como algo natural, tão natural que pessoas como eu são oficialmente descritas como misteriosas ao invés das pessoas admitirem de que são elas que estão confusas e não os autistas ou qualquer outra pessoa debilitada cognitivamente. Nós somos ainda vistos como não comunicativos se não aprendemos a falar a língua padrão, mas as outras pessoas não são consideradas não comunicativas se eles não fazem a mínima noção do que acontece com a nossa linguagem a ponto de dizer que eles não existem. No final Eu gostaria que vocês soubessem que este vídeo não tem a intenção de ser um freak show voyeristico onde você pode olhar os trabalhos bizarros de uma mente autista. Este vídeo, foi feito com a intenção de ser uma forte declaração sobre a existência e valorização das diferentes formas de pensamentos. Num mundo onde quanto mais próximo de um tipo específico você se parecer, determina se você será visto como uma pessoa real, um adulto ou uma pessoa inteligente, e é neste mesmo mundo, onde eles são os que determinam se você terá algum direito. Existem pessoas sendo torturadas, pessoas morrendo, porque elas são consideradas não-pessoas, porque o modo como elas pensam é tão incomum, que não são nem consideradas pensantes. Somente quando as diferentes formas de personalidades forem reconhecidas haverá justiça e os direitos humanos será uma possibilidade.

Dedicado à todo aquele que é considerado uma não-pessoa ou não-pensante. 

Dedicado à todo aquele que, erroneamente, encara ações como despropositadas.


texto e tradução cedidos por Bruno Freire


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